29 de maio de 2010

Geo-Raid UltraEstrela - Dia 1

Boas a todos!
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Muitos seriam os títulos passíveis de entitular mais uma jornada épica de BTT no palco previligiado da alta montanha proporcionado pela Serra da Estrela, a referência em Portugal para o ciclismo, seja de asfáltica, seja de BTT.

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Titulos como "Pelos trilhos do António Malvado" (perdão, Malvar), "O Inferno da Santinha" (santidade no inferno??), "Pedalar até Morrer" (este paga direitos de autor ao RLeitão), " A Montanha nua e crua", "Quais são os nossos limites em cima de uma bicicleta??", "O Homem da Marreta vive na Serra" ou "Vale a pena sofrer, para mais tarde lembrar!", seriam parcialmente adequados, mas incapazes de alguma vez transparecer as sensações vividas por nós, - BTTHAL - FMike e JValente, nos duríssimos trilhos do Geo-Raid Ultraestrela 2009. Só mesmo lá, pedalando, sofrendo, apreciando, se consegue verdadeiramente absorver o espírito que está por detrás de todo este desafio que se chama Geo-Raid. Nós fomos e só tenho a dizer duas ou três palavras... Brutal... Espectacular... Épico... Linndddddííísssssiiiiimmoooo!

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Tal como tinhamos anteriormente postado aqui, na passada sexta, dia 28 de Maio, fomos cumprir o Dia 1 do Geo-Raid UltraEstrela v.2009, novamente só nós os dois, embora o desafio aqui lançado no blog ainda tivesse tido um companheiro com vontade de nos acompanhar, mas questões laborais de última da hora, impossibilitaram-no de aparecer e acabamos por ir só nós, novamente em formato "Team BTTHAL", com alguma pena nossa. Outras oportunidades surgirão, espero eu! Porque vale bem o esforço!

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06:45h e já nós circulávamos na Super-Toyota, bem carregada com as manas Trek, em direcção às Penhas da Saúde, local de partida dos tracks de ambos os dias, daquela que é chamada a Prova Rainha dos Geo-Raids. Chegados ao parque das Penhas, junto ao Hotel, cedo verificámos que por ali ainda toda a Selecção Nacional de Futebol... dormia, embora a quantidade de guardas e seguranças aquela hora já fosse notável, como que a temer alguma invasão terrorista... Eramos mesmo só dois malucos com máquinas a pedal, e o nosso interesse era só mesmo a Serra... Selecção... bahhhhh...

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Embora o sol raia-se forte, o vento era frio e souberam bem os manguitos providencialmente vestidos... iriam fazer falta o dia todo! Mais para norte, os cumes do maçico central da Estrela, "fumavam" cobertos aqui e ali por algumas nuvens baixas... mau, mau, que se calhar ainda chove! Devidamente equipados e bem carregados com todo o tipo de sandes, ovos cozidos(!!!), barras, géis e água, demos início à aventura às 08:10h, em direcção ao Centro de Limpeza de Neve, onde entrámos à direita nos trilhos graníticos da serra e logo aqui o primeiro título surgiu... o António M. é mesmo "malvado"!

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Ligeiramente a subir e depois a descer, o trilho estava pejado de pedras soltas, regueiras profundas, muito areão lavado, óptimo para resvalar e cair... nem sei se era melhor ir montado se a pé... xiça que isto vai ser duro! Lá fomos avançando, umas vezes montados, outras vezes a pé, mesmo a descer, sempre em direcção a Manteigas, numa cota elevada do Vale Glaciar do Zêzere, com a estrada lá em baixo quase microscópica, em pendente directa lá para baixo. Imponente! Perigoso!

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Já com Manteigas bem à vista entrámos então numa sucessão de curvas e contracurvas mais fáceis, entre os muitos castanheiros, chegando ao cruzamento de S. Gabriel, ao fundo da Vila, com mais de 2 horas decorridas e pouco mais de 20 km's, quase sempre a descer... estávamos irremediavelmente atrasados! "Se os trilhos forem assim todos tão exigentes, nem amanhã chegaremos a casa", pensava eu!

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Depois de um breve abastecimento, iniciámos a primeira subida com "S" grande, que nos levaria da cota dos 650m até aos 1100m em 7 km's, para o cume de S. Lourenço, por um trilho algo técnico, com pendentes por vezes acentuadas e pejado... de géis vazios! Inadmíssivel! Tinha passado por ali uma prova do campeonato nacional de maratonas 2010 e os atletas tinham deixado um rasto de lixo surpreendente... Até a organização falhou pois ainda lá estavam fitas e sinais a conspurcar os trilhos! Intolerável! Adiante, que isto parece ser uma guerra perdida...

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Feita a subida trilhavamos agora por zonas ora ligeiramente a subir ora ligeiramente a descer, sempre em altitude, no vasto maciço central da Serra... aqui os únicos sinais de vida humana eram mesmo as isoladas casas agrícolas, definitivamente dedicadas à pastorícia, pois até as árvores são raras!

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Passada a zona do Covão da Ponte, atravessamos o Mondego e mais à frente já depois da Sra da Assedasse demos início a mais uma exigente subida que nos levaria aos 1210m, até um cruzamento de 4 caminhos - Jogo da Bola, no qual o ano passado os atletas do Geo-Raid UltraEstrela encurtaram a prova passando dos 45 km's para os 70 km's (totalizando 90 km's) sem descerem a Linhares, devido ao calor que se fazia sentir... mas nós estávamos mesmo para cumprir na integra o trilho original (115 km's) e virámos os azimutes ao VG do Casal da Ribeira, local com uma vista previligiada sobre Linhares, onde alguns "Parapenters" se dedicavam aos "voos do Icaro" nos seus garridos parapentes.... muito bonito! Mesmo ao lado, uma geocache esperava por nós e não nos fizemos rogados - para cá com ela!

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O tempo agora era de descida acentuada até à bonita aldeia de Linhares onde esperavamos obter alguns alimentos mais sólidos, mas o único café típico da zona, o Café Mimoso apenas nos forneceu umas sandochas de presunto, bem arrefecidas com umas colas e uma cafezada... menos mau!

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Arrefecidos os radiadores eram horas de continuar, pois as horas passavam. Numa zona muito bonita entre hortas, single tracks, floresta exuberante e alguns caminhos de aldeia fizemos a ligação entre Linhares e Figueiró da Serra, local onde se iria iniciar a parte mais dura do dia - a subida quase contínua dos 600m para os 1600m de altitude, ao longo de 20 duríssimos Km's até ao temido VG da Santinha.

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Já tinha ouvido falar das dificuldades da "Santinha" ou dos locais onde o "homem da marreta" vive na Serra... nunca pensei é que fossem assim tão reais, palpáveis... Igualmente imaginava quais seriam os meus limites, se seria aqui que os atingiria... E o meu parceiro, iria igualmente levar o sacríficio até ao limites da sua resistência? Interrogações, ainda hoje sem resposta...

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Depois de Figueiró a imponência da Serra domina toda a paisagem... imponente, despida, maciça, quase que intransponível! Imaginava mesmo como seria chegar lá acima, aquele minúsculo ponto negro e branco que assinala o VG da Santinha... "Ganda Caroço"! Xiça! Seremos capazes?

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Num constante "ram-ram", pedal a pedal, elo a elo, lá fomos subindo, começando por deixar para trás o casario, quase deserto, depois a pouca floresta, entrando numa zona de muito mato rasteiro, sempre com piso mais ou menos tolerável. As ruínas da Mina dos Azibrais surgiam pouco depois, fazendo-nos lembrar o muito que terão padecido as gentes de outras eras para tirar o sustento daquelas serranias... tambem nós agora ali penavamos, sempre, sempre a subir. O calor apertava e a garganta pedia água fresca, que nem o camel bag mitigava, eis quando surge um tanque com uma imensa bica a jorrar litros de água fria e cristalina...parecia uma oferta dos deuses ali naquele descampado, tamanha abundância... foi beber até mais não!

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Continuando o penoso caminho lá chegamos novamente ao cruzamento dos 4 caminhos - Jogo da Bola, onde virámos agora à direita, sempre a subir, passando primeiro pelo VG dos Galhardos onde fizemos outro caixotinho e depois pela Cabeça do Faraó, uma curiosa formação geológica, onde outra geocache nos aguardava, permitindo-nos assim algum descanso naquele trilho sempre a subir.

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A Santinha já se via ao longe mas ainda muito acima das nossas cabeças e depois de passarmos a Portela do Folgosinho, começamos então a parte mais técnica e com maiores pendentes desta imponente subida, numa altura em que o cansaço começava a dar sinais... era tempo de gerir o esforço se queriamos lá chegar acima e mesmo em algumas zonas, intransponíveis, tivemos direito a passeio pedestre... A floresta foi ficando para trás e de repente a paisagem abriu-se nos nossos horizontes, como se estivessemos sentados no tecto do mundo... nunca pensei padecer tanto em cima de uma bicicleta, mas sem dúvida a vitória pessoal de lá chegar acima e a recompensa da paisagem valeram tudo... lindo, lindo, lindo! Mas exigente, exigente, exigente... muito difícil mesmo... Só lá é que se compreende, pois aqui contado não tem graça...

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O trilho abria-se agora na nossa frente, num estradão em altura, sempre na cumeada, a 1600m de altitude, embora com algumas descidas e subidas intermitentes, num sempre temido "parte-pernas", até descermos aos 1350m. Logo depois atingiamos a estrada que leva às Penhas da Saúde, onde não entrámos virando num trilho intermitente numa bonita zona de floresta, que culminou com mais uma imponente parede cheia de mato e regos, obrigando a um novo passeio pedestre até aos 1430m... este indivíduo é mesmo "Malvado"!

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Na zona do Poio Negro cruzámos a estrada em direcção ao Observatório, começando uma bonita descida entre muita floresta de castanheiros e pinheiros, entrando logo de seguida numa calçada tipo romana, onde se faz o Up-hill de Manteigas. Ainda estive tentado pelo alcatrão ali ao lado mas o João chamou-me à razão... o track é para cumprir na integra! Numa descida louca, acentuada, sempre com inúmeros ganchos e a calçada a matraquear-nos os pulsos, chegamos num ápice a Manteigas onde já nos cheirava a bebida fresca. Este Up-hill é mesmo bonito... mas a descer! Eeheheheh...

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Vitaminado o corpinho era tempo de cumprirmos o que faltava, até porque o sol já se começava a esconder e a temperatura a baixar... Como alguém dizia, agora não havia que enganar... subir, subir, subir até às Penhas da Saúde! Com um alcatrão tão bom ali ao lado, o track mandou-nos para dentro do Vale Glaciar, à direita do Zêzere, por um estradão cheio de brita solta, bastante penoso nesta "altura do campeonato". Sempre, sempre a subir lá fomos apreciando o pôr do sol por este lado do Vale, até chegarmos à zona do Covão Caldeira, onde cruzámos o rio num açude ali existente.

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Entrávamos agora no alcatrão e embora o cansaço já pesasse, o corpinho apercebendo-se do final desta mítica loucura em BTT, reuniu novas forças e num ritmo impressionante fomos vencendo as curvas de nível, sempre, sempre a subir, renovando-se essa energia na Fonte Paulo Martins, onde aquela água milagrosa, nos deu um ainda maior ânimo.

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Passado o Covão da Ametade, em velocidade de cruzeiro chegamos num ápice ao Centro de Limpeza, onde num grito efusivo, cantámos vitória a dois, por mais uma grande aventura conquistada. Espectáculo!!! Chegámos às Penhas da Saúde às 19:15h, com mais de 11 horas nos trilhos, 8:20 h das quais a pedalar, 115 km's percorridos, 14 km/h e 3500m de acumulado e o track do Geo-Raid UltraEstrela 2009 cumprido na íntegra! Uma sensação de vitória pessoal, impossível de aqui relatar! Uma aventura sem igual nos nossos portfolios de ciclistas lúdicos! Uma alma cheia de boas paisagens, indescritíveis de aqui contar!
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Fiquem bem, apreciem as nossas fotos! O Dia 2 será muito em breve!
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FMike :-)
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13 de maio de 2010

O 2º Geo-Raid… para breve!

O conceito é na verdade... viciante! Quando a Natureza e os nossos limites nos surpreendem, sentimos que tocamos algo especial… algo memorável! Como disse…viciante! O maciço central da Serra da Estrela, com os seus quase 2000 metros de altitude é considerado no panorama nacional como “a Montanha”. É este o próximo desafio BTTHAL… o percurso do Geo-Raid Ultra Estrela!
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Considerado por alguns como a “prova rainha” dos percursos GEO-RAID Series®, na Serra da Estrela as subidas, distâncias e horizontes, ganham uma outra dimensão… e quando vencidas as dificuldades, certamente os limites de qualquer amante do BTT passam a ter uma nova referência!

Nós, BTTHAL (João Valente e Fernando Micaelo), mais uma vez em espírito de equipa, iremos propor-nos a mais duas jornadas de grande esforço e determinação! Atendendo à proximidade geográfica da Serra da Estrela da cidade de Castelo Branco, iremos efectuar as etapas em dias não sucessivos, de acordo com as nossas disponibilidades laborais. Assim, no dia 28 de Maio contamos vencer a 1ª etapa com um total de 115Km’s, e já em Junho, em dia ainda a definir, partiremos para “A Montanha” para percorrer os restantes 81Km’s da 2ª etapa do Geo-Raid Ultra Estrela! Será mais uma dose dupla (inesquecível) de resistência em BTT onde esperamos encontrar já dias mais longos, onde as muitas horas de luz nos facilitem a tarefa de concluir com êxito este desafio!

Alargamos esta jornada mítica a quem nos quiser acompanhar, bastando para isso contactar-nos. Contudo há algumas notas importantes a reter... Ambas as etapas serão efectuadas em completa autonomia pelo que cada um será responsável por si ou pela sua equipa de dois elementos, tendo em conta a condição física (exigência física muito alta, com acumulado estimado de 6000 metros), a condição da bicicleta (zonas técnicas, exigentes para o material e bastante isoladas) e eventual necessidade de meios de apoio para transporte. O percurso será guiado por GPS e efectuado ao nosso ritmo, com algumas paragens programadas para abastecimento e muitas fotografias à mistura.

Estamos a “ferver” para esta 2ª aventura…

Fiquem bem… que as notícias irão aparecer por aqui!